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Tempo do texto

  • Foto do escritor: Flavia Araújo
    Flavia Araújo
  • 22 de jul.
  • 1 min de leitura

Faz um pouco mais de um ano que finalizei minha residência em clínica psiquiátrica e ainda me impressiono ao perceber o quão intensa foi a experiência e como ainda brotam memórias e ensinamentos de lá. 


Tem um poema do qual gosto muito que fala sobre a importância de aprender a ficar submerso*, a mergulhar nesse momento imersivo, tolerando o não saber, a espera e o caos anterior ao sentido. Precisar aprender a ficar submerso é muito parecido com precisar aprender a sustentar uma experiência até que algo brote, como esse texto que poderia estar um ano atrasado e alguns meses atrasados.


Bion nos ensina que o pensamento não nasce pronto, ele precisa de um espaço interno para ser gestado, para se transformar. Assim também acontece com certas vivências: elas precisam ser continentes dentro de nós antes de podermos nomeá-las e isso leva tempo. 


Há processos que não devem ser apressados. Lembro de perguntar sobre o que gostariam de falar na última atividade na residência que tivemos juntos e me responderam “dificuldade de se despedir”, Isso me fez pensar que a despedida é apenas uma parte do desafio, o mais difícil, talvez, seja encontrar um jeito de manter viva a experiência. 


Porque, muitas vezes, a despedida soa como um corte abrupto, como se aquilo fosse sumir sem deixar vestígios. A experiência não desaparece de uma vez, ela permanece, se desdobra dentro de nós, em um ritmo que nem sempre controlamos. E de novo, há processos que não devem ser apressados.


Poema: É preciso ficar submerso - Alberto Pucheu


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© 2024 por Flávia Araújo. 

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